Oratório Antigamente
Edifício de traça seiscentista foram projectados pelo frade leigo André de S. Bernardino. As obras terminaram em 1623, data que ainda hoje podemos ver na fachada que corre junto da estrada nacional.
O interior da capela, de desenho muito simples, é valorizado por dois magníficos altares laterais em talha dourada do século XVII, muito ricos em ornatos, com belas colunas torsas a ladear um nicho central.
Coro da Capela
O púlpito é uma bela peça de pedra do século XVII, a que faltam balaústres.
Anexo à capela está o pequeno claustro do Oratório. Na casa do Capítulo está sepultado Salvador Ribeiro de Sousa que foi Rei do Pegú, hoje Birmânia.
"- Salvador Ribeiro de Sousa, natural de Guimarães, filho de pais
ResponderEliminarhumildes, mas dotado, na frase de Vilhena Barbosa, de alma elevada,
coração nobre, peito esforçado e braço valente. Não podendo suportar
o jugo pesado da usurpação castelhana, vendo com mágoa a marear-se
no Oriente o brilho da nossa glória e prestes a desmoronar-se o
grandioso edifício levantado ali por Vasco da Gama, Afonso de
Albuquerque e outros ilustres capitães, e conhecendo finalmente, que
era a India o único campo onde se podiam exercitar livre e
honrosamente o valor e a devoção cívica dum bom português, deixa a
terra natal e parte para Lisboa, onde embarca para a India, como
soldado, na armada que saiu do Tejo em Março de 1587. Obrou
verdadeiras gentilezas no combate contra os turcos que juntamente
com os naturais defendiam a cidade de Alcobaça. Fez verdadeiros
prodígios de bravuras nas guerras em Columbo, Ceilão e outras terras
da África e Ásia e ao cabo de treze anos de muitos e mui distintos
serviços, Salvador Ribeiro achava-se tão adiantado na sua carreira
militar, como no dia em que assentara praça. Não podendo sofrer tal
injustiça, filha da malquerença duns e da inveja de muitos, resolve
deixar o serviço do Estado para ir correr, como aventureiro, por esses
mares e terras da India. Depois de ter obtido a baixa, embarca no ano
de 1600 no porto de Goa com destino às costas do Peru, acompanhado
de trinta e dois portugueses, a quem ele confiara o seu arrojado
projecto de fundar ali, a título de feitoria, uma fortaleza que viesse a
servir de porta franca e segura para os portugueses entrarem e
comerciarem livremente naquele fertilíssimo país. Com os seus
companheiros e sessenta naturais conseguiu em pouco tempo construir
na foz do rio Serião, primeiramente casas e depois trincheiras e
baluartes, com o pretexto de se defenderem contra alguma agressão
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dos piratas. Todas estas construções eram de madeira, mas muito
elevadas e fortes, podendo dizer-se uma perfeita fortaleza. Tendo
conhecimento disto vários régulos daquelas paragens, reúnem por
vezes numerosas forças e marcham contra Salvador Ribeiro tentando
destruir-lhe a fortaleza e expulsar os intrusos do seu território: mas o
nosso esforçado patrício, a quem nas mais apertadas crises jamais
arrefecera o ânimo, de todos triunfa brilhante e assombrosamente, até
que é finalmente aclamado rei pelos próprios inimigos que lhe
atribuíam um poder sobrenatural, chamando-o por isso o bravo dos
bravos, o Quiay ou Deus da terra! Pouco depois, para obedecer às
ordens do vice-rei da India, Aires de Saldanha, sem atender às
instâncias de seus já numerosos súbditos, desce com heróica
abnegação do trono, a que o elevara o seu valor e a vontade dum
povo, com dignidade verdadeiramente soberana. O herói de
assinaladas vitórias, o símbolo de abnegação e o exemplo vivo do mais
vivo amor da pátria deixou o Pegu e andou errante e solitário pela
Espanha e Portugal, apesar de o galardoarem em Madrid com uma
comenda de Cristo, até que veio falecer em triste solidão junto à vila de
Alenquer. O seu cadáver foi sepultado na casa do capítulo do extinto
convento de Santa Catarina, de Alenquer, onde mão amiga lhe mandou
gravar o seguinte epitáfio: Este capítulo e sepultura é de Salvador
Ribeiro de Sousa, comendador de Cristo, natural de Guimarães, a quem
os naturais do Pegu elegeram por seu rei."
in http://www.csarmento.uminho.pt/docs/ndat/pcaldas/PCaldas056.pdf