sábado, 25 de abril de 2009

Oratório de Santa Catarina (Alenquer)

Oratório na Actualidade


Oratório Antigamente

Edifício de traça seiscentista foram projectados pelo frade leigo André de S. Bernardino. As obras terminaram em 1623, data que ainda hoje podemos ver na fachada que corre junto da estrada nacional.
O interior da capela, de desenho muito simples, é valorizado por dois magníficos altares laterais em talha dourada do século XVII, muito ricos em ornatos, com belas colunas torsas a ladear um nicho central.
Coro da Capela
O púlpito é uma bela peça de pedra do século XVII, a que faltam balaústres.
Anexo à capela está o pequeno claustro do Oratório. Na casa do Capítulo está sepultado Salvador Ribeiro de Sousa que foi Rei do Pegú, hoje Birmânia.
Túmulo de Salvador Ribeiro de Sousa (Rei do Pegu)

1 comentário:

  1. "- Salvador Ribeiro de Sousa, natural de Guimarães, filho de pais
    humildes, mas dotado, na frase de Vilhena Barbosa, de alma elevada,
    coração nobre, peito esforçado e braço valente. Não podendo suportar
    o jugo pesado da usurpação castelhana, vendo com mágoa a marear-se
    no Oriente o brilho da nossa glória e prestes a desmoronar-se o
    grandioso edifício levantado ali por Vasco da Gama, Afonso de
    Albuquerque e outros ilustres capitães, e conhecendo finalmente, que
    era a India o único campo onde se podiam exercitar livre e
    honrosamente o valor e a devoção cívica dum bom português, deixa a
    terra natal e parte para Lisboa, onde embarca para a India, como
    soldado, na armada que saiu do Tejo em Março de 1587. Obrou
    verdadeiras gentilezas no combate contra os turcos que juntamente
    com os naturais defendiam a cidade de Alcobaça. Fez verdadeiros
    prodígios de bravuras nas guerras em Columbo, Ceilão e outras terras
    da África e Ásia e ao cabo de treze anos de muitos e mui distintos
    serviços, Salvador Ribeiro achava-se tão adiantado na sua carreira
    militar, como no dia em que assentara praça. Não podendo sofrer tal
    injustiça, filha da malquerença duns e da inveja de muitos, resolve
    deixar o serviço do Estado para ir correr, como aventureiro, por esses
    mares e terras da India. Depois de ter obtido a baixa, embarca no ano
    de 1600 no porto de Goa com destino às costas do Peru, acompanhado
    de trinta e dois portugueses, a quem ele confiara o seu arrojado
    projecto de fundar ali, a título de feitoria, uma fortaleza que viesse a
    servir de porta franca e segura para os portugueses entrarem e
    comerciarem livremente naquele fertilíssimo país. Com os seus
    companheiros e sessenta naturais conseguiu em pouco tempo construir
    na foz do rio Serião, primeiramente casas e depois trincheiras e
    baluartes, com o pretexto de se defenderem contra alguma agressão
    © Sociedade Martins Sarmento | Casa de Sarmento
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    dos piratas. Todas estas construções eram de madeira, mas muito
    elevadas e fortes, podendo dizer-se uma perfeita fortaleza. Tendo
    conhecimento disto vários régulos daquelas paragens, reúnem por
    vezes numerosas forças e marcham contra Salvador Ribeiro tentando
    destruir-lhe a fortaleza e expulsar os intrusos do seu território: mas o
    nosso esforçado patrício, a quem nas mais apertadas crises jamais
    arrefecera o ânimo, de todos triunfa brilhante e assombrosamente, até
    que é finalmente aclamado rei pelos próprios inimigos que lhe
    atribuíam um poder sobrenatural, chamando-o por isso o bravo dos
    bravos, o Quiay ou Deus da terra! Pouco depois, para obedecer às
    ordens do vice-rei da India, Aires de Saldanha, sem atender às
    instâncias de seus já numerosos súbditos, desce com heróica
    abnegação do trono, a que o elevara o seu valor e a vontade dum
    povo, com dignidade verdadeiramente soberana. O herói de
    assinaladas vitórias, o símbolo de abnegação e o exemplo vivo do mais
    vivo amor da pátria deixou o Pegu e andou errante e solitário pela
    Espanha e Portugal, apesar de o galardoarem em Madrid com uma
    comenda de Cristo, até que veio falecer em triste solidão junto à vila de
    Alenquer. O seu cadáver foi sepultado na casa do capítulo do extinto
    convento de Santa Catarina, de Alenquer, onde mão amiga lhe mandou
    gravar o seguinte epitáfio: Este capítulo e sepultura é de Salvador
    Ribeiro de Sousa, comendador de Cristo, natural de Guimarães, a quem
    os naturais do Pegu elegeram por seu rei."

    in http://www.csarmento.uminho.pt/docs/ndat/pcaldas/PCaldas056.pdf

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