domingo, 26 de abril de 2009

Basílica de Santa Quitéria de Meca (Meca)


Situada a poucos quilómetros de Alenquer, esta igreja é, talvez, uma das mais belas do Concelho, e é sem dúvida, a única que, entre nós, apresenta uma equilibrada unadade arquitectónica e decorativa e uma bem clara marca temporal: a segunda metade de século XVIII.
Santa Quitéria surge-nos assim, como um perfeito modelo e exemplo da arquitectura neo-clássica, como raízes nos trabalhos do convento de Mafra e uma notória aproximação estilística da Basílica da Estrela e da de Santo António da Sé, suas contemporâneas.
Foi mandada edificar pela confraria de Santa Quitéria de Meca, na altura uma das mais ricas e poderosas de Portugal, e sob a protecção régia de D.ª Maria I. A construção da igreja estava terminada nos últimos anos do século XVIII - a data de 1799, inscrita sobre uma janela lateral do edifício, dá-nos essa informação.

Construída com calcário da região - ainda hoje é conhecido por «pedreira da Santa» o local onde se extraiu a pedra para esta obra - a igreja tem duas elegantes torres sineiras e uma movimentada fachada dividida, a toda a altura, por seis pilastras de capitéis jónicos que definem os espaços onde se abren os três janelões gradeados e os três pórticos frontais de galilé.
Uma cornija bastante saliente correndo pela base das duas torres, um frontão central com arcos contracurvados aberto num óculo quadrilobado, e uma grande profusão de urnas com fogaréus flamejantes, completam a composição ornamental da fachada principal da igreja.


O interior, de uma só nave e um curto transepto, é notável pelos seus mármores e pinturas.

Interior da Basílica

Altar-mor

Púlpito
Coro

De entre estas, destacamos, pelo seu elevado valor artístico, as duas grandes telas dos altares do cruzeiro, representando do lado da Epístola a «Pregação de João Batista», e do lado do Evangelho « A Última Ceia» com a assinatura do pintor Pedro Alexandre (1730-1810).

«Pregação de João Batista»

Aos lados do altar-mor, duas outras telas provavelmente do mesmo pintor, com os temas da «Aparição de Santa Quitéria» e a «Entrada da imagem na nova igreja», são bons exemplares de pintura dos finais da segunda metade do século XVIII.
O tecto, em berço, da nave da igreja é de madeira forrda de tela, pintada com grisalhas; os tons predominantes são os cinzentos, os verdes e o oiro, que se fundem numa bela harmonia criando uma perfeita ilusão de relevos que envolvem vários medalhões com cenas da vida e do martírio de Santa Quitéria. Partindo da capela-mor, os temas pintados são os seguintes: «Santa Quitéria e o Anjo Gabriel», «Santa Quitéria no Monte Pombeiro», «Santa Quitéria na Corte de Luciano», «A Conversão das Sentinelas do Cárcere» e «O Martírio de Santa Quitéria».

«Santa Quitéria e o Anjo Gabriel»

«O Martírio de Santa Quitéria»


Na parte central da abóbada do cruzeiro, em tecto de masseira e pintados sobre madeira, «Os quatro evangelistas».

Aboboda do Cruzeiro

São ainda dignos de referência as pinturas do tecto da sacristia no rés-do-chão e da sala da confraria no primeiro andar, bem como as pinturas de cavalete aí existentes, nomeadamente uma «Nossa Senhora da Conceição».
De grande valor são os paramentos, algumas imagens e os ex-votos desta igreja.
É ainda peça de interesse o órgão que se encontra no coro. Está datado e assinado: António Xavier Machado e Cerveira o fêz em o anno d' 1816 Lisboa - N.º 82.

Órgão

No largo fronteiro está o trono circular, de pedra, de onde se procede à bênção do gado, que tem lugar durante a festa anual, que ocorre todos os anos em Maio.

Trono

2 comentários:

  1. Descobrimos por acaso a basílica... absolutamente surpreendente! Agradecemos tardiamente a excelente visita guiada pelo sr. padre Pedro, bem como a sua generosidade e companhia.

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